Quando se tem um bebê com síndrome de Down, é comum que questões médicas mais urgentes ocupem a prioridade dos pais. Contudo, a saúde bucal não deve ser deixada em segundo plano. Segundo a Dra. Rosane, especialista em odontologia, a primeira visita ao dentista deve ocorrer quando o bebê tem cerca de 4 meses. Essa consulta inicial é essencial para avaliar a cavidade bucal e orientar os pais sobre prevenção de doenças, dieta e limpeza da boca. Anote as orientações de especialistas no tema, para que os dentes e a boca dos seus filhos estejam sempre bem cuidados:
1- A Higiene Bucal deve começar cedo
A Dra. Rosane destaca que a higiene bucal deve começar desde cedo: “É essencial usar uma fraldinha ou gaze húmida para massagear a gengiva após a amamentação, prevenindo os efeitos do ácido láctico do leite, que torna a saliva ácida e pode ser nociva”. Além disso, ela recomenda o uso de escovas elétricas, inclusive para jovens e adultos, devido às dificuldades motoras comuns em pessoas com síndrome de Down, que podem diminuir a eficácia da escovação. A escolha do dentista também é fundamental, embora um dentista geral possa atender crianças com síndrome de Down, os dentistas pediátricos são mais experientes em lidar com condições específicas e no manejo de crianças. Durante essa primeira consulta, o dentista deve ter acesso a um histórico médico bastante detalhado do seu filho, com informações sobre a sua condição médica atual e passada, inclusive problemas cardíacos, caso existam.
2- Introduza a Alimentação na idade correcta
Embora a erupção dos dentes em crianças com síndrome de Down seja frequentemente tardia, a introdução de alimentos sólidos deve ocorrer na mesma época que em outras crianças. A especialista reforça: “A mastigação é essencial para o desenvolvimento dos ossos da boca, independentemente da presença de dentes”. Portanto, os bebés com sindrome de down devem começar as papinhas aos 6 meses e comidas mais sólidas com 1 ano de idade, independente de terem dentes ou não.
3- Esteja atento ao Bruxismo (ranger dos dentes)
O bruxismo é comum e pode se tornar um hábito devido à busca por estímulos sensoriais. Placas de silicone podem ajudar a reduzir o ranger dos dentes, que, se não tratado, pode causar desgaste dental, dores de cabeça e outros problemas. É importante que os pais fiquem atentos e consultem um dentista para acompanhamento.
4- Partilhe experiências com outros pais
As experiências de outros pais podem oferecer insights valiosos:
- Bárbara Cavalcante compartilha que quase todos os dentes de leite de sua filha precisaram ser extraídos devido às raízes, e ela usou aparelho por sete anos. Hoje, aos 19 anos, a filha exibe um sorriso lindo, mas continua realizando limpezas a cada seis meses.
- O meu filho tem síndrome de Down e autismo e vai ao dentista sem problemas, acostumou-se desde bebê. O meu usava aquela borrachinha pra higienização das gengivas e quando apareceram os dentinhos, passou para a escova normal. Temos ido ao dentista
de 4 em 4 meses pois está em fase de crescimento e também para fazer aplicação de flúor partilhou a mãe Joyner Campos. - A Eduarda tem muita facilidade para ter cárie. Tive sorte de encontrar uma dentista que consegue fazer tudo que precisa com ela. Já fez até tratamento de cárie menos profunda sem anestesia. Nenhum dente de leite caiu espontaneamente, todos tiveram que ser extraídos. Hoje ela tem 11 anos e faz tratamento ortodôntico. O temperamento da criança conta muito, mas a paciência e abordagem adequada do profissional faz toda diferença, disse a mãe.
5- Monitore o Desenvolvimento Bucal
O formato do maxilar e do palato em crianças com síndrome de Down pode levar a problemas como má oclusão (a forma em que os dentes
superiores e inferiores se juntam quando a boca está fechada), e respiração bucal, o que aumenta o risco de cáries e doenças gengivais. Outras condições comuns, como refluxo gastroesofágico e apneia do sono, também podem impactar a saúde bucal, contribuindo para erosão dental e boca seca. Medicamentos, como os usados para convulsões, podem levar ao inchaço das gengivas (hiperplasia gengival), exigindo monitoramento contínuo.
Para concluir, investir em cuidados preventivos é sempre melhor do que enfrentar tratamentos curativos. A primeira visita ao dentista deve ocorrer antes do primeiro aniversário, e a higiene bucal precisa ser incorporada à rotina desde cedo. Como mostra a experiência de outros pais, dedicação e acompanhamento profissional fazem toda a diferença para garantir um sorriso saudável e bonito para os filhos com síndrome de Down.