Guilherme Isaque de Souza Ferreira, de 18 anos, vai cursar ciências sociais. Em entrevista ao portal g1, mãe e filho contaram os desafios superados pelo jovem que mora no Centro de São Paulo no Brasil.
O jovem, que tem paralisia cerebral, foi aprovado em segundo lugar por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ao ver o nome na lista, a alegria tomou conta do estudante que mora na região do Brás, no Centro de São Paulo. A mãe registrou o momento em vídeo, que já teve mais de 400 mil curtidas nas redes sociais.
Guilherme disse que escolheu o curso por ser envolvido na questão das lutas sociais e, principalmente, pelos direitos das pessoas com deficiência.
“A minha intenção é ajudar os PCDs [pessoas com deficiência] na questão de políticas públicas porque eu vejo muitos problemas na cidade, tanto na infraestrutura quanto no mal preparo em vários setores”
O jovem, que realizou algumas provas como treino no ano passado, acredita que conseguiu a vaga na UFSCar porque gosta muito de aprender.
“Eu nunca fui um aluno nota 10, mas também nunca fui um nota 5. Sempre foi 7, 8, sabe. Gosto muito de estudar, ler e escrever”, contou. História, geografia e filosofia são suas disciplinas favoritas.
Guilherme faz questão de mencionar os nomes das professoras Amanda Santana e Ellen Rodrigues, que marcaram a trajetória dele nos estudos. “Elas me fizeram acreditar no meu sonho e também a ver a vida de outra forma, mais corajosa e destemida. Nunca esquecerei o que elas fizeram por mim”, disse.
Para a mãe, foi uma surpresa e ao mesmo tempo um susto porque ela não sabia que o filho tinha feito inscrição para o exame vestibular da UFSCar. A mãe disse que não tem condições de mudar para o interior neste momento, por isso é preciso entender melhor como é estrutura da UFSCar e se o filho terá algum suporte.
A paralisia cerebral de Guilherme aconteceu em decorrência da demora no parto e negligência do médico, diz Zilmar.
O bebê nasceu e entrou em coma. Tão logo saiu ficou entubado. Em meio a problemas de saúde de convulsões, a mãe disse que vivia mais no hospital do que em casa. “Foi um processo bem longo, a vida dele não foi fácil. Eu falei para ele: filho, você já nasceu lutando para viver”.
Ao longo do desenvolvimento, Guilherme passou por atendimento especializado na AACD, na unidade da Mooca, na Zona Leste, durante 12 anos.
“Os médicos falaram: mãe, vamos tentar reabilitar esse menino. Não sabemos se um dia vai andar, falar, mas vamos começar o processo. Pelo menos de engatinhar e sentar em uma cadeira de rodas. E foi isso, ele era cadeirante, aí fomos para o processo do andador, da muleta e hoje você viu no vídeo, o menino anda com dificuldade mas anda”, disse a mãe.
A AACD é uma organização sem fins lucrativos focada em garantir assistência médico-terapêutica de excelência em Ortopedia e Reabilitação. A Instituição atende pessoas de todas as idades, recebendo pacientes via Sistema Único de Saúde (SUS), planos de saúde e particular.
Segundo o coordenador médico Marcelo Ares, o processo de reabilitação da AACD é o ponto de partida para que as pessoas com deficiência física atinjam o seu máximo potencial e tenham autonomia para suas atividades diárias, exercendo plenamente a sua cidadania.
“Contamos com uma equipe multidisciplinar com profissionais focados em oferecer ao paciente todo o apoio necessário, contribuindo para um futuro inclusivo e acessível, para que essas pessoas possam ter autonomia na vida. Dessa maneira, poderão estudar, trabalhar e a garantir acesso a direitos essenciais, como qualquer cidadão”, disse.
Fonte: g1